Após ser apoiado pelos recursos do empréstimo compulsório da Eletrobras, o país está ampliando a sua capacidade de geração de energia para suportar o crescimento do país, apostando em fontes sustentáveis, especialmente a eólica e a solar
O empréstimo compulsório da Eletrobras financiou a melhoria da infraestrutura de energia no Brasil. Conforme explicamos neste artigo, o Sistema Interligado Nacional (SIN) conecta todas as usinas de energia do país, com foco em assegurar o abastecimento energético com segurança, evitando apagões e desligamentos desnecessários.
Mas quais são as características da geração de energia no Brasil? Este é mais um artigo da série “O que o empréstimo compulsório de energia financiou”.
Os recursos provenientes do empréstimo compulsório da Eletrobras permitiram que o país diminuísse sua dependência das fontes hidrelétricas, o que sempre gerou problemas na segurança do país. Quando se observa a evolução dos modais energéticos do país, é possível perceber como se deu a expansão de 2013 a 2022 em GWh:
Hidráulica: de 390.992 para 427.114, um crescimento de 9,2%.
Eólica: de 6.578 para 81.632, uma expansão de 1140%.
Solar: de 5 para 30.126 – uma diferença que tira a possibilidade de fazer qualquer proporção.
Térmicas: de 83.743 para 50.023, uma redução de 33%.
Total do Brasil: de 570.835 para 677.173, uma evolução de 18%.
Nota-se, nessa realidade, que a escolha do Brasil ao longo da última década foi por uma expansão energética mais sustentável, apostando em modais renováveis. Nesse contexto, as usinas solares e as eólicas se consolidaram dentro da matriz energética do país. Seus crescimentos vertiginosos exigem também uma série de cuidados, como demonstraremos na sequência do artigo.
Atualmente, a produção e a participação dos modais renováveis na matriz brasileira está muito acima da média do restante do mundo, que era de 14% em 2020. Portanto, o Brasil está um passo à frente nas questões referentes à transição energética – fechou o ano de 2022 com 87% de participação das renováveis.
A intermitência da geração energética
Em um contexto de ESG e de discussões a respeito da redução das emissões de carbono na geração de energia, o Brasil já caminha há anos para uma característica de país mais sustentável do que a média global. Já existem estimativas da Agência de Energia Internacional (IEA, na sigla em inglês) de que 96% da geração energética do Brasil será considerada sustentável em 2026.
De acordo com a EPE, em publicação em seu site, a maior participação de fontes renováveis “tem avançado para reduzir ainda mais as emissões de carbono na geração elétrica brasileira, calculado em 61,7 Kg CO2-eq/MWh em 2022. O valor é cerca de seis vezes menor que o dos Estados Unidos e onze vezes menor que o da China, ambos em comparação ao ano de 2020”.
Apesar dos benefícios dos modais renováveis para o país, eles adicionam uma nova camada de dificuldade na gestão do país. Nesse contexto, a Agência Nacional de Energia Elétrica e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) têm o desafio em gerir a produção, considerando a intermitência dos modais eólicos e solares.
Neste artigo, esclarecemos quais são os papéis de cada uma dessas entidades no organograma energético brasileiro.
No caso do ONS, é o responsável por coordenar a operação das diferentes fontes, com foco na garantia do suprimento adequado e na segurança do sistema. Além disso, gerencia toda a rede de transmissão, fazendo o planejamento e a programação da carga necessária, evitando falhas e garantindo suprimento contínuo.
Por isso, os períodos sem vento e sem a produção solar – que são chamados dentro do ramo de intermitência – precisam ser supridos de alguma maneira, seja pelas hidrelétricas ou pelas termelétricas, quando os reservatórios estão com menor disponibilidade de água.
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Crédito da foto: Imagem de onlyyouqj no Freepik